Estar presente na internet é quase imperativo nos dias de hoje, pois há uma cobrança da sociedade, ainda que implícita, quanto a essa visibilidade. A grande maioria das pessoas recorre ao mundo virtual, em suas diversas plataformas, para ter acesso a informações sobre empresas e pessoas. No entanto, a exposição na era digital exige cautela, especialmente, quando envolve empresas e profissionais da área da saúde, por conta das peculiaridades do exercício da medicina, do sigilo das informações sobre pacientes e das implicações quanto ao descumprimento das regras estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Esse foi o assunto debatido na palestra “Médicos e hospitais nas mídias sociais: benefícios, desafios e impasses”, que abriu a programação do 4º Fórum de Direito da Saúde, na tarde desta quarta-feira, dia 14. O evento, que antecede o 11º Seminário Femipa, reuniu estudantes de Direito, advogados e outros profissionais da área da saúde, na sede da Associação Médica do Paraná, em Curitiba.
A assessora de comunicação do Hospital Nossa Senhora das Graças, Melise Bochnia Sierakowski, falou das vantagens do uso das redes sociais – principalmente do Facebook – como ferramenta de aproximação das instituições com seus públicos e apresentou dados estatísticos, que comprovam essa afirmação. Segundo sua pesquisa, o Brasil é o maior usuário das redes sociais na América Latina. Quase 95% das empresas brasileiras estão presentes nesses ambientes, onde as pessoas passam, em média, quatro horas por dia navegando. Ou seja, é praticamente afirmar que as instituições que não fazem parte, ao menos de uma dessas plataformas, não existem.
Melise citou como exemplo o uso das redes sociais pelo hospital em ações pontuais, como campanhas de doação de medula óssea. Segundo ela, o resultado foi bastante positivo, pois se observou um aumento significativo no número de doadores. Mas, essa exposição nas redes sociais, que permitem maior interatividade entre público e empresa, é uma porta aberta para críticas que, por mais que sejam improcedentes, podem denegrir a imagem da instituição. Por isso, a necessidade de que as páginas na internet sejam administradas por profissionais capacitados para contornar essas situações, alertou a jornalista.
O diretor do Hospital Nossa Senhora das Graças, médico Luiz Sallim Emed, também chamou a atenção para os riscos de postagens mal programadas, de vazamentos de informações confidenciais, ao falar sobre os limites entre os benefícios e os riscos para a imagem das instituições e da importância de dispor mecanismos de controle da exposição. Defendeu que as assessorias jurídicas estejam alertas para os “abusos no direito de reclamar” e que as instituições recorram à justiça quando houver excessos, como ofensas descabidas a profissionais, pois já há jurisprudência envolvendo essas questões.
O debate serviu para trazer à tona outra questão importante: a ética e responsabilidade no uso da marca das instituições pelos colaboradores dos hospitais e clínicas nas redes sociais. A recomendação é de que as instituições ofereçam treinamentos e revejam seus códigos de conduta para que todos os funcionários estejam cientes e alinhados às normas estabelecida na Resolução CFM nº 2.126/2015, que traz um artigo específico sobre a exposição em redes sociais.
Fonte: Andrea Lombardo – Interact Comunicação
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