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8º Fórum de Direito da Saúde: palestra de abertura aborda os desafios e necessidades da liderança na área médica

A palestra de abertura do 8º Fórum de Direito da Saúde da Femipa teve como tema a “Liderança na Saúde”, sendo realizada na manhã desta terça-feira (28). O presidente da Femipa, Charles London, iniciou a sessão, recepcionando a todos e todas. Na sequência, o cirurgião oncológico e mastologista Cícero de Andrade Urban trouxe exemplos sobre como os profissionais da área podem se colocar frente aos novos desafios do setor de saúde, pensando na liderança.

Dialogando com o público presente, apresentando vídeos e promovendo interações ao longo da apresentação, Urban contextualizou que a liderança não é autoajuda, não é somente para gestores, porém, é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Assim como nos diversos segmentos, a presença mais enfática da Inteligência Artificial (I.A.) colocou interrogações sobre como os profissionais da área médica vão sustentar sua relevância, e isso implica desafios no desenvolvimento de líderes.

Segundo estimativas, em 2019, 26% dos pacientes já consultavam o “doutor” Google antes de irem ao consultório. Agora, o ChatGPT é o candidato a se tornar o “médico da família’. Esse sistema já está sendo citado, inclusive, como autor em publicações médicas e científicas. Nesse sentido, Urban lembrou que a verdadeira revolução não é a técnica isolada e que tecnologia traz as vantagens da conectividade e atualização, mas os seres humanos continuam se diferenciando das máquinas pela consciência.

“Falta na formação dos profissionais de saúde a gestão organizacional. Antes da pandemia, havia o desafio da perda de autonomia e redução no respeito aos profissionais, além da redução de ganhos, de outros modelos diversos de pagamento e da performance e metas a serem atingidas. Outras dificuldades surgiram durante o cenário pandêmico, e tivemos que trabalhar cada vez mais em equipe, olhando as novas necessidades individuais dos pacientes e confrontando os velhos problemas”, observou o cirurgião.

Como solução para contornar e acompanhar todas as mudanças vivenciadas pela própria sociedade, o palestrante sugere o olhar para liderança. “Estamos no meio de uma grande crise, passando do desencantamento do século XX à perda de sentido na atualidade. O mundo precisa muito mais de bons líderes do que tecnologia e empreendedorismo. Precisamos de pessoas que deem exemplo e ajudem a construir um mundo melhor”, ponderou Urban.

Como liderar?

Sem receita pronta, a liderança não envolve apenas dar bons exemplos. É necessário criar um ambiente de transformação, envolvendo o relacionamento interpessoal, a ética, as competências técnicas, a gestão e a comunicação. Para que o líder alcance e gerencie esse espaço, Urban trouxe como exemplo o conceito dos 3 C’s: consistência, conectividade e carisma.

“O líder precisa saber ouvir. Convivemos hoje com quatro a cinco gerações dentro do ambiente hospitalar e na sociedade. Chegamos ao momento em que existe uma quebra da hierarquia comum às gerações passadas e um questionamento sobre absolutamente tudo. E o fato de, na área da saúde, não termos nenhum treinamento em gestão acaba impactando 30% de gastos e desperdícios para o setor”, destacou o palestrante.

Para construir o futuro, os líderes têm a responsabilidade, principalmente, olhando para a área médica, de cultivar a cultura, a história e os valores éticos com abertura para o novo. “Devemos ser exemplos vivos para as novas gerações de profissionais, e isso não se altera diante dos desafios e problemas e da falta de sentido do momento que vivemos. Independentemente da gestão, é a compaixão que deve nos inspirar”, ponderou o palestrante.

Para finalizar, Urban trouxe a reflexão sobre a necessidade de o profissional médico se preparar sempre para um desastre. “Mudança é como o futuro invade nossa vida. A questão é como preparamos o futuro. Avalio que é respeitando as diferenças das gerações, tendo abertura de comunicação e participando da formação humanística e preservação da ética profissional”, concluiu.

Texto: Assessoria de imprensa Femipa – Giórgia Gschwendtner

Foto: Pedro Vieira

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