Um dos painéis mais concorridos do 16º Seminário Femipa, nesta quinta-feira (21), tratou sobre a reforma na saúde suplementar, que encara uma série de desafios. Com o tema “Os setores hospitalar e suplementar precisam de reformas estruturais e de regulação – acesso do paciente, remuneração e entrega de valor”, o painel reuniu Marcos Novais, superintendente-executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge); Lucas Miglioli, Sócio fundador do M3BS Advogados; e Amanda Diniz, gerente de Intercâmbio, Rede Prestadora e Valor em Saúde da Unimed Paraná.
Para Novais, uma reforma da saúde suplementar passa pelo próprio mercado, e não por regulação ou até iniciativa governamental. Ele citou que existem distorções que precisam ser tratadas, como a realização de exames sequenciais com o objetivo de avaliações de performance esportiva, e não ligadas diretamente a prevenção ou diagnósticos médicos. Ainda ressaltou como a ampliação e a atual forma de atendimento para terapias relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) mexeram com os custos dos planos de saúde. “Tivemos que pressionar outras áreas para trazer mais recursos para estas terapias. A disponibilidade de recursos é finita”, enfatizou.
São 51 milhões de brasileiros cobertos por planos de saúde, com mais de 600 operadoras em todo o país. O comportamento do usuário depende também do valor da mensalidade e, segundo Novais, a pressão no preço gera uma relação direta com a saída de beneficiários dos planos, o que também impacta na sustentabilidade.
Por isso, o superintendente-executivo da Abramge deixou reflexões sobre a reforma da saúde suplementar, ressaltando que ainda não está clara a direção para isso.
Em sua participação no painel, Lucas Miglioli lembrou que as operadoras de saúde estão com uma grande pressão diante da alta taxa de sinistralidade, de média de 89% nos últimos meses. O advogado ainda explicou que o modelo atual de pagamento por serviços incentiva o volume de procedimentos em detrimento da qualidade. “Existem alternativas, como pagamento por desempenho, bundles por serviço e pagamento global por paciente. Este é um modelo interessante, com preço fechado para determinado procedimento”, avaliou.
Miglioli ainda citou a integração de cuidados, medicina preventiva e abordagens baseadas em evidências como possíveis soluções. “Mercado vem se desenvolvimento e é perene. Mas a tendência é o mercado se ajustar conforme a demanda e a regulação vem para aparar essas arestas”, disse sobre reforma da saúde suplementar.
O painel ainda teve a participação de Amanda Diniz, da Unimed Paraná. Ela explicou sobre modelos aplicados na federação, como o fee for service. “Este modelo não vai deixar de existir e é a forma mais indicada para procedimentos ultra especializados e pouco frequentes”, afirmou.
A Unimed conta com nove hospitais próprios no Paraná e em duas unidades foi aplicado o sistema de entrega de valor, ou seja, de pagamento por performance. Este modelo favorece a maior qualidade e a diminuição de eventos adversos, aumentando o custo x efetividade dos serviços e mensuração dos desfechos assistenciais.
De acordo com ela, o pagamento por desempenho é uma ótima forma de se iniciar a transformação nos modelos de remuneração, pois há poucos riscos para a fonte pagadora e aos prestadores, mantendo as bases atuais de preço.
Fonte: Saúde Debate – mídia oficial do 16º Seminário FEMIPA – Cintia Végas
Foto: Pedro Vieira
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