Com as dificuldades enfrentadas pelos hospitais filantrópicos e santas casas de todo o Brasil, as equipes estão cada vez mais enxutas, e no departamento de Comunicação das instituições de Saúde não é diferente. Por isso, os profissionais dessa área precisam, muitas vezes, encarar o desafio de realizar várias funções no dia a dia. Pensando nisso, o 5º Encontro de Assessores de Comunicação da Femipa, que acontece hoje (14) e faz parte da programação paralela do 11º Seminário Femipa, trouxe Julie Fank, escritora, artista visual e diretora-fundadora da Escola de Escrita, para falar sobre “Revisão e edição de texto para quem faz tudo”.
“A realidade, hoje, faz com que apenas um profissional tenha que fazer todas as etapas que envolvem a Comunicação das empresas. Por isso, precisamos entender como gestar um texto, entendendo melhor como revisar e, nisso, perceber por qual caminho vamos olhar para o texto para saber se ele está funcionando. Nesse contexto, falamos muito em tripé de texto, como ele ‘para em pé’, se ele se comunica e se informa, se soa legal, se falta alguma coisa. Esse processo precisa ser consciente”, explicou.
A escritora ressalta, ainda, que, às vezes, comunicar é justamente não dizer nada. Ou seja, por mais que o óbvio precise ser comunicado, o texto pode acabar passando uma ideia um pouco equivocada. “Nas assessorias de comunicação, por muitas vezes é preciso ser óbvio, mas também segurar ‘esse óbvio’. Assim, o editor e o revisor precisam prever essa parte com relação à informação. Por isso, é importante fazer comunicação preventiva, deixar o texto ‘descansar’, para avaliar se ele não vai ser óbvio demais, ou ambíguo, ou se vai passar uma ideia errada etc”, indicou.
Para uma boa revisão e edição de um texto, os profissionais ligados à Comunicação precisam levar em conta os aspectos da textualidade, como intertextualidade (capacidade que um texto tem de se comunicar com o outro), intencionalidade (o que se passar com esse texto), aceitabilidade, (qual a possibilidade de o texto ser aceito por quem está lendo), situacionalidade, (um texto que funciona em um meio pode não funcionar em outro), e informatividade (o grau de informação que o texto leva ao leitor).
Julie ressalta, ainda, que um bom texto deve ter fatores contextuais, porque, sem isso, “o texto não funciona”. “Além disso, é preciso também seguir aspectos textuais, porque quando se fala em texto, precisamos de coesão e coerência, aspectos focados no texto que dão conta dos mecanismos que organizam o que está escrito”, explicou.
Por fim, a diretora da Escola da Escrita sugere que, ao construir um texto, o profissional pense em qual tipo de feedback gostaria de receber, porque isso vai ajudar a organizar o texto. Outra dica é “desenhar” o texto antes de escrevê-lo.
“Precisamos pensar na escolha das palavras, olhar para o texto a partir de uma estrutura e buscar modificar essa estrutura. O olhar para um texto deve ser um olhar de arquiteto, buscando compreender quais são os pilares do texto e como ele se sustenta”, concluiu.
Foto: Pedro Vieira
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